Muito lutei para conseguir tirar você daqui. Muitas noites
vieram acompanhadas de choro e de ódio, por estar presa entre duas paredes que
só iriam parar de me apertar quando eu decidisse se valia a pena ou não deixar
você ficar. Eu sempre fui do tipo que vai até o fim e faz o imenso e solitário
calculo: somar o que teve de bom, diminuir o que teve de ruim. Não deixar
duvida, insistir em construir com os melhores materiais em alicerces duvidosos.
Pagar pra ver, dar a cara à tapa, sempre combinou comigo. Depois, se desse
errado, eu me reconstruía. E ainda saía feliz por saber que eu era parte de uma
(pequena?) parcela da humanidade que realmente tentava. Nunca quis ser digna de
pena e muito menos escrava dos “E se” que a vida impõe e, de fato, nunca fui.
Falando de maneira geral, as pessoas desistem antes de me cansarem e isso até
que é bom. Só que dessa vez, não foi assim. Eu que sempre fui tão cheia de
palavras que saltavam da boca sem meu consentimento, fiquei quieta e nem foi
por não ter o que dizer, eu tinha e tinha muito. Mas simplesmente não valia
mais. O dia que minha tolerância esgotou talvez tenha sido o dia mais triste de
todos os meus dias, dos nossos dias. Pequei pelo excesso, por tudo isso que transborda de mim. Por deixar tanta coisa relevante passar, virei boba. Por deixar a
vontade de ter os outros ser maior que a vontade de ter a mim, acabei sem
dormir por vários dias. Achando muito bonita toda essa história de insistir até
esgotar, só eu que não vi o quanto fiquei tola. No dia mais triste de todos os
meus dias, não sabia te explicar porque tinha acabado. Não que faltasse motivo,
mas o descaso chegou de uma forma que tive preguiça até de explicar. Nem dei atenção pelo seu interesse súbito em
mim, considerando que já palestrei tantas vezes o mesmo discurso quando achava
que valia a pena e nunca fui ouvida. Criei vergonha na cara, coragem ou seja lá
o que for e joguei longe meu nariz de palhaça, consciente das conseqüências. Agora
é assim, não me estico mais. Vou até onde o braço alcança. Se não gostou, pode
ir embora.
Te amo pelo que escreves
ResponderExcluirAdorei. Você escreve muito bem! :)
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