Acostumada a ter o autocontrole enfiado goela abaixo, a
menina dos escudos. Cada gesto sempre foi friamente calculado. Não vou ligar.
Não faz diferença. Vou fingir que nem vi e que não estou calculando mentalmente
em quantos dias é normal sentir saudade. Não tem porque sentir saudade antes do
prazo. Nem tem porque sentir saudade.
Com um copo de vodka na mão, soube por muito tempo gritar “eu não tô
valendo nada”. O vazio pós festa era preenchido por um carinha qualquer que
ocupava meu tempo e minha cama e meu tédio e prometia ligar enquanto eu
esperava mais, desesperava mais. Sempre fui acostumada a ser decepcionada e não
surpreendida.
Aí, aparece você. Que acha que esperar pra ligar e pra me
ver é perda de tempo e você tem muito medo de perder tempo e ficar velho e
cheio de rugas e sozinho. Que acha que se amanhã a gente tiver afim de casar,
tudo bem porque nem sabemos o que pode acontecer depois de amanhã. Você não
calcula. Não se protege e olha pros meus escudos como um cachorrinho inocente
que não entende essas sujeiras humanas. E diz que tudo bem se eu surtar e ligar
no meio da noite e você precisar me buscar pra ficar na sua casa pois tenho
muito medo de pensar quando estou sozinha. E chega e ocupa bem mais que a minha
cama, mas não me invade. Me pego sorrindo sem medo. Sem medo de que você queira
sair correndo porque tô sorrindo apaixonada. E olho no fundo dos seus olhos por
longos segundos depois que a gente acorda e você não tem medo também, não me
acha estranha e nem desvia o olhar. E diz que tudo bem se eu quiser escrever
sobre você. E tudo bem se eu me assustar e precisar descansar de você. E então
eu vou pra casa e tudo la é você, o sofá que eu deito pra ganhar cafuné, o
avental que diz ‘diva’ e você usa e continua tão másculo, o espelho que você
usou pra me mostrar o quanto eu era linda mesmo de ressaca. Eu deito na cama
que é você também e acho mesmo que eu te amo. Mas um amor diferente. Todos os
meus amores são tão cheios de jogos e de inseguranças e você parece uma casa
quentinha que eu posso finalmente ir depois de toda uma vida conturbada sem
saber a que eu pertencia. Eu pertenço ao queixo quadrado e a barba por fazer e
aos seus cachos e as suas mãos e ao seu apartamento pequeno e ao seu peito. Eu
quero pertencer. Porque você diz que eu posso escolher o filme. Porque você
também sabe me tirar o ar. Porque você prefere ficar em casa no quentinho.
Porque você me deixa ser. Porque você sempre lê o modo de usar de tudo. Porque
você me protege das coisas feias. E você fica. E você cozinha. E você tem um
jeito meio francês e quando eu falo isso você sempre acha que estou dizendo que
você é meio gay e você nem se importa. E você pergunta como foi meu dia. E
consegue me amar com todas as minhas neuras. E nos dias que tenho as minhas
recaídas na depressão. E me diz que se eu quiser um cachorro mas me achar
inconstante demais pra cuidar dele, você cuida pra mim. E me abraça e diz que
vai ficar tudo bem. E eu sei que vai. Porque eu sei que você fica.
que ninita :D
ResponderExcluirEste comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluirGosto, gosto, gosto! Escreve mais!
ResponderExcluirBeijão!
Helô
Nossa, adorei esse, maaaais please kk
ResponderExcluirnossaaaaaaaa.. tens o dom mesmo! :D
ResponderExcluir